L. não sai de casa porque está chovendo. Não sai mesmo é por preguiça, mas não quer admitir. A chuva veio bem a calhar: no Domingo as ruas ficam mais vazias, não tem algodão-doce na praça, as crianças não saem de casa, as avezinhas longínqüas não chegam para pegar milho. Ainda mais com essa chuva.
Então é que decide fazer um desenho. Procura papel, lápis e algumas tintas. Senta-se no chão, mas fica parado pensando no que vai fazer - é chato desperdiçar papel, tinta e tempo. Após um tempo, decide pintar um bosque.
Frondoso, belo e explêndido, assim que ele vai ser. Com animaizinhos, um céu de nuvens, um solzinho modesto e ameno. Terá árvores de vários tipos, frutas comestíveis, borboletas majestosas e formiguinhas trabalhadoras. A senhora joaninha vem depois, em uma dessas folhinhas de verde vivo que nutrem o capim de beleza.
Um riacho acolherá os pés do caminhantes, isso, é claro, se L. fizer pessoas, porque agora era senhor. Senhor do verde-claro, do amarelo-ouro, do carmim e de mais nãoseioquê. E assim vai a tarde: lápis espalhados, papéis espalhados, tintas abertas. A mãe chamando, não há resposta - L. só ouve os sons da imaginação.
Um comentário:
Eu não saio e casa por causa da chuva da preguiça, mas é a chuva que me dá preguiça. Eu tbm pintaria se tivesse tinta, pintaria todos os sonhos que tenho tido acordada.
Acho que hoje sonhei por umas duas horas, mas no sonho não aconteceu o que queria (quero) muito. O sonho mesmo assim foi maravilhoso e eu me decepcionei um pouco quando percebi q estava deitada na minha cama acabando de acordar. Mas depois eu fiquei feliz. Esperanças me lembraram que existe uma possibilidade, uma possibilidade minúscula, mas que eu quase posso tocar, da realidade ser melhor do que o meu sonho.
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