terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Algum conto temático, porém fora de época

W. estava indecisa, não sabia o que ia comprar.
Acabou o chá,
Acabou a bolacha,
Mas ainda tinha bastante açúcar.
O que se podia fazer com muito açúcar hoje em dia? Pensou em um bolo, ou bolinhos de chuva, mas cadê a farinha? Não, também tinha acabado a farinha. Pensou novamente: "- Para quê serve farinha, não queria mesmo."
O sofá já se configurava duro, e o gato espichava uma lingüinha magra, meio que em um bocejo de cansaço e preguiça. A parede estava desbotada, W. há muito não renovava a cor. Tinta também não se encontrava, coisa rara. Raro mesmo era ver alguma coisa muito nova naquele lugar. W. estava cansada, indecisa e pensativa. Achava consigo mesma que nunca havia pensado tanto.
Foi então que teve a idéia de comprar um pinheirinho (louca, não tinha bolacha nem chá). Estava frio, precisava de chá e bolacha, mas com o troco dava para comprar chocolate e uma garrafinha de leite. Colocou o cachecol, a touca, calçou as luvas e saiu.
Em seu regresso, trouxe consigo o pinheirinho, o chocolate e o leite. Mal conseguia enxergar o caminho por onde andava, porém conseguiu chegar em casa sem danificar nada.
Instalou o pinheirinho:
Sem enfeite,
Sem brilho,
Sem nada.
Colocou o leite do gato, fechou as janelas, pôs o restante de lenha na lareira (e olha que ainda deu um bom fogo), preparou a cama com lençóis e colchas (mesmo que ralos), esquentou o chocolate. A cadeira já não balançava mais, contudo ligou o rádio, sentou-se nela e tomou chocolate.

25 de Dezembro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Depois ela morreu?
Uma certa melancolia e um ar de despedida, de ultima vez, saltam das linhas a cada palavra lida.
Muito bom Allan. Parabéns!

Beijos