domingo, 18 de outubro de 2009

Enquanto não chega a hora mais adequada, vomito umas letrinhas de nada: escape

I - Reflexo
Eu queria aprender a ser só.
A verdade é que eu sou dois: eu e você. Somos. Se cada pedaço de nós fosse decomposto, seríamos um: indivisível. Somos a menor unidade do átomo, quantificadamente eletrostaticamente ligados. Bombardeamo-nos de palavras, algumas disformes, pronomes que estão enclítico-proclíticos e fazem sobrar nenhum espaço para sermos. Nós.
Até que o meu eu mais eu fixa a face e pergunta: acaso seríamos os mesmos? E eu-você diz: somos todos nós - essa gente que filosofa sobre um nada, que contempla uma existência cheia de vazio.
Por favor, coloque-nos em uma garrafa para que boiemos em uma imensidão de oceano e cheguemos como mensagem nova e limpa ao outro lado do mundo. Somos só nós, eu e coisa representada (que nos evitamos todo esse tempo).
Viajo por vagalhões de vento, poeira e palavras.
Porque a coisa, amigos, essa coisa sou eu.
Espelho.