sábado, 10 de janeiro de 2009

Exercício

Um dia vou escrever um livro.
É, com páginas de papel e letras impressas.
Vai ter capa, índice,
mas nada de prefácio e posfácio,
sou breve e uso poucas palavras.
Minha prolixidade está no pensamento,
minha escrita é esquálida e simplista.
Não elaboro fraseado bonito,
não consulto o dicionário sempre,
não costumo reinventar.
Quando escrever meu livro, porém,
lerei milhares de coisas,
pesquisarei termos plurissignificativos,
salpicarei figuras de linguagem.
Haverá linhas de mim mesmo,
puro exercício de metalinguagem,
e estarei renovado.
Escrever é meu não-tempo,
minha sala isolada e silenciosa.
O tempo acaba, a tarde chega,
e findo esta página,
esperando o dia seguinte,
pois já é tarde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Escrever é meu não-tempo,
meu risque rabisque animado.
O tempo nunca acaba, a tarde nunca chega;
E nem a lógica -
A lógica dos seres sociáveis.
Se tem uma casa no papel
Através da janela vejo a folha seguinte.
Se tem uma lagoa
Os olhos narcisistas devoram o amanhã.
Não, não o amanhã;
O outro, o próximo.
Nada é findo no meu escrever
E para isso ele não tem data:
não tem ontem,
nem hoje,
nem amanhã.

*espero visitas e nem posso dizer:
'chegue antes do anoitecer'
e meu escrever é eterno esperar.
é quem chega e é quem nunca chega.
é triste mas é bem
porque sem tempo há de se amar sempre.

Grata pela inspiração! Hahahaha!