Hoje de manhã fazia muito frio, ainda faz até agora. Pensei seriamente em escrever alguma coisa aqui, mas nem tudo me interessa e esses dias até que não tem acontecido nada comigo. As pessoas já não estão tão detestáveis, eu já consigo ficar menos angustiado com as coisas, talvez isso seja a ordem natural do tempo (que passa e eu nem sinto). Porém, não significa que eu adore o que detestava antes, apenas me dei férias disso tudo. Declarei também trégua a meus pensamentos e inspirações, mas o que venho contar aqui é tão pobre que eu escrevo de mim para mim mesmo: espelho.
Não importa, senti hoje vontade de gritar também. Mas bem alto, alto mesmo. Vou comprar um megafone desses de passeata, quem sabe alguém me ouve do outro lado do mundo. Escutei uma música mais ou menos, meu nariz gelou atá a ponta e me senti completamente abarcado de neve. Fazia Sol, mas preferi ignorar isso e o vento me atingia como pedras de gelo.
Sinceramente, já me cansei de escrever aqui, mas tornou-se mecânico. Queria ser um espelho, ver tudo de um lado diferente. Mas o tempo tem pressa, passa em desvarios como albatroz à procura de um rumo. Procuro sempre fazer as coisas sem os limites do tempo, mas às vezes, como em toda relação, brigo com ele, discuto mesmo (de sair rusgas e palavras malcriadas), até que ele acaba por decidir se vingar de mim e passa muito rápido. Tão rápido que ele cismou de já ter passado quinze anos. Quinze primaveras, muitas voltas em torno do Sol. Muitos anos, muitos meses, mais dias ainda, horas e horas a fio. Em imaginar que daqui a um tempo estrei dizendo a mesma coisa. Queria poder ser luz, andar universo afora, percorrer galáxias, quem sabe eu aproveitava melhor a companhia do tempo.
Portanto, vou me transformar. De hoje em diante pretendo escrever com outro nome (tomara que eu me lembre disso). Mas se eu me esquecer, não importa, isso tudo aqui não vai além de uma gogante bola de pêlos, regurgitada e ruminada pela paciência. Pensei em adicionar uma imagem a isso tudo, mas não quero deixar nada muito pessoal. Vou-me embora neste instante, porque preciso descansar de tudo isso. Hoje não falo mais, nem gesticulo. Pretérito.
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