domingo, 23 de março de 2008

Ponto

Isso já virou um divã.

Pois é, venho aqui para desabafar, talvez mude o título do Blog para "O divã das palavras soltas". Soltas. Soltura que eu quero, LIBERDADE. Voar e não controlar o fluxo do vento, sair por aí, desmaiar em brisa, esquecer que as coisas são tórridas, as pessoas sobretudo.
Cansei de entendê-las, de amá-las. Cultivo um sentimento amargo sobre isso. Não faz bem, ou faz, não sei. Mas isso não me importa, sinceramente.
Estou acometido por terrível dor nas costas, não sei ao certo o motivo. Nem quero saber, a mim não faz diferença. Não sou, entretanto, uma muralha. Sentir é um grande pesar: me custa muito, então me dilacero e tento ser evasivo. Estou aprendendo, as pessoas são evasivas.
Falsa felicidade: que enjôo. Quanta palavra solta e desperdiçada. Amar, "verbo intransitivo". Amar dói, se afeiçoar dói. Assim como pensar. Para os tolos, ou os que vivem de má-fé, a ignorância é uma dádiva.

Estou passando por um tempo em que as coisas não são tão bonitas ou tão fáceis. E nem tenho tal pretensão. Mas passo uma cera nos móveis, faço um café, arrumo a casa: esqueço de tudo em um segundo.

quarta-feira, 19 de março de 2008

É preciso guardar leito (?)

Ai, pensei em sair do tédio. Tédio absurdo, das profundezas do vácuo.
Parei para escrever isto aqui: atrocidade. Caindo de sono, acho que vou bater com a cabeça no teclado.
Não, tenho de me controlar, já são quase 5 da manhã. Só mais um pouquinho e eu chego lá.
Lá: me pego surpreso com a minha fugaz capacidade de prever o futuro.
Extravaso, salto quanticamente, diminuo 5.10¹², como Alice no Quantum.
Ó, noite, poupe-me de devaneios.
Cumpro uma rotina 'corujal'. Insônia.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Dona Cigarrinha

Ia pela estrada, faceira e vespertina, Dona Cigarrinha. Muito fina, muito doce, sorriso de ar sublime, subia pelas folhas secas - e cantava- , descia pelos viadutos formados por pequenos ramos de cipreste - e cantava- , andava a passos largos, como se tais perninhas agüentassem - e cantava.
No entanto, em um certo pedaço do trajeto, eis que surge um terrível gafanhoto, duas vezes seu tamanho, com uma cara fechada, sombrolho cerrado e a mais rancorosa feição. Em uma só abocanhada, Dona Cigarrinha foi-se embora. Silêncio na mata: felicidade interrompida.

Retornando


* Fiquei com a sensação de que era tudo muito novo, tudo muito 'não sentido'. Uma de minhas primeiras percepções foi a de estar mergulhando em um poço sem fundo, tamanho foi o meu choque perante tanta falta de receptividade. Ora, meu leitor, não entenda isso como um lamento, ou mesmo como uma tentativa de recuperação. Peço-lhe, pois, que me dê uma chance: a rotina corrói a gente.