quinta-feira, 2 de julho de 2009

(Des)necessidade

1: Eu gostaria de me manter assim, escultura em envoltório de mistério. Na verdade, quando o vento bate em mim eu me desfaço, pois sou de areia. Quando recebo a pancada da brisa um pedaço de mim se esvai, e com o passar dos anos serei apenas lembranças. Lembro-me que anteontem não teve vento. Talvez eu deveria ter soprado minha própria imagem, bem como eu soprei estas palavras (e ainda sopro) que preencheriam em tese as minhas lacunas. Todo tédio que existe é cada grão que de mim se desprende, pois vento é sopro de infinidade, não tem ponto zero nem linha de chegada.
2: Posso concluir que és como o vento. Esse, quente à tarde e que chega à noite já frio, com medo do escuro. Carregas contigo palavras, letras, pessoas. Carregas a vida, aliás, porque cada momento é uma fotografia jamais repetida. Você mesmo não se repete, você não é óbvio nem enigmático, já disse. Mas nada do que eu disser vai conseguir curar esse monte de besteiras que a gente fala quando não tem nada a dizer.
FIM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do recado, escreverei. Quem sabe agora mesmo, se sair algo pra um desconhecido.

Não basta servir um bocado de palavras, é preciso que alimentem.

:*

*certamente, a falta do que dizer é um perigo e mal incurável.

Unknown disse...

*escrivinhei procê. tá lá, num poeminha de seis que fala de deserto e frio. ficou bonito.