Não quero mais falar nada. Eu precisava dizer, mas não tenho palavras, não tenho paciência. Meus dedos rápidos trepidam o teclado, e ecoa em meu ouvido uma melodia aguda, melancólica, sôfrega.
Para mim, escrever etcéteras e reticências é inexorável. Acho também que as pessoas deviam se comunicar pela escrita, somente. Dizer é demasiado pesado qual notas de órgão executando Bach em disritmia. É por isso que abaixo meu tom de voz de tal maneira que o som sai assim: mudo.
Eu queria um livro que não acabasse mais, que se tornasse minha própria ampulheta. Insisto sempre em produzir algo novo, sapecar palavras bonitas, feito pão velho adormecido que a gente esquenta de manhã. Quero, de preferência, mais manhãs cinzentas para ver-me representado.
No momento sou coisa alguma. Queria eu ter a chave do tempo, esse que não consigo entender ou mesmo explicar. Esse que me faz cair dentro do abismo que sou eu. Vamos, pegue em minha mão e vamos correr por aí. Quem sabe um dia não chegaremos onde você pára, onde é ponto final. Se existe esse lugar eu quero conhecê-lo e prorrogá-lo, por uma infinitude de tempo, pois preciso aprender a ser.