Hoje acharam tudo feio. O chá não foi bom, os biscoitos estavam duros, não queriam nenhuma conversa. Pois bem, decidiram sair para ver se faziam alguma coisa, como por exemplo, visitar o relógio da praça central. Nossa, um 'belo' programa. Mas não era Domingo, então resolveram que iam parar no primeiro café da estrada, para ver se lá tinha algum livro interessante, ou talvez um capuccino estupidamente delicioso. Bem, também não encontraram. Que coisa, mas será que o dia de hoje seria assim tão inconclusivo? "Talvez não!" - eis que surge uma voz. Todos olharam para a porta, se entreolharam, tiveram um momento de silêncio (mórbido), como se pudessem ouvir, tocar, VER o silêncio. Decidiram, por fim, que seus olhares concordavam em seguir por aquela porta em busca de algo novo, talvez aprazível, quem sabe.
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Mas não, hoje terminou assim, com todos saindo sem mais nem menos, seguindo não sei quem para não sei onde. Acho que a minha mais profunda vontade era ser assim. Ser indeterminado, sair por aí, não ver ninguém, só o silêncio. Agora canta a cigarra, em um leve pulsar repousante, e me imagino em um bosque. Sou eles, e mais ninguém.